“Tu és o Rei dos Judeus?” Foi a pergunta de Pilatos a Jesus, relata o evangelista João. Jesus respondeu-lhe: “O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, certo que os meus ministros haviam de pelejar para que eu não fosse entregue aos judeus; mas por agora o meu reino não é daqui.” Continuou Pilatos: “Logo, tu és rei?” E Jesus respondeu: “Eu não nasci nem vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade; todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”.
Importante passagem deve ser interpretada à luz da eternidade da alma. Ao ser questionado por Pilatos, Jesus fala-lhe de um reino que não é deste mundo, sendo a realeza a que se referiu Pilatos bem diversa da de Jesus.
Considerando o momento e o contexto do diálogo, Jesus nega o título de rei como o entendem na Terra, vinculado ao exercício do poder temporal, perecível e dependente das circunstâncias. O reinado que se associa a Jesus é aquele dado por consenso unânime, aos que por suas realizações e trajetória influenciam o progresso espiritual da humanidade. Essa realeza moral nasce do mérito pessoal, é imperecível e atemporal, sendo os bens preciosos desse reino diferentes do brilho e do ouro que se apresentam na Terra.
Tendo como ponto de vista unicamente a vida terrena, aquele que busca entesourar bens transitórios entrega-se ao sofrimento e à angústia diante de uma ambição insatisfeita, do orgulho ou da vaidade feridas, do mal que o atinge e do bem que toca aos outros.
Emmanuel nos fala das dores e sofrimentos como consequências para os homens que se perderam na vaidade e nos favores da fortuna, para os que se habituaram às enganosas vantagens ou para aqueles que se embriagaram de poder transitório e honras exteriores, esquecendo o dever de servir e adiando o trabalho a fazer na estrada da evolução.
Com a reencarnação, amplia-se a caminhada, assim como as lições e possibilidades de progresso. O planeta escola apresenta-nos aulas práticas dia a dia, testes a serem realizados e testemunhos a serem dados, a fim de alcançarmos promoções. A vida terrena é oportunidade abençoada para a alma em educação e aperfeiçoamento. Ao afirmar que seu reino não é deste mundo, Jesus nos previne a não dar mais atenção aos interesses materiais em prejuízo dos interesses da alma, pois estes, sim, levaremos conosco pela eternidade.
Reflitamos que a lição de Jesus, embora revele para nós que não devemos aguardar o seu reino como realização imediata na Terra, não nos isenta de forjá-lo na oficina diária de nossas realizações e na permanente oportunidade de colaboração no seu Evangelho, a fim de edificar o seu reino e iluminá-lo, desde já, em nosso íntimo, burilando-nos à luz de seus ensinamentos, conscientes de nossa responsabilidade individual nessa construção: “Porque, onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração” (Mateus).
Por Denise Pereira Rebello, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 12 de março de 2021, Juiz de Fora, MG.
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