Andando pelas ruas de nossa cidade, olhando com um pouco mais de atenção, vemos arame farpado desenrolado sobre os muros e as marquises, de modo tão grosseiro que remete a lembrança aos absurdos campos de concentração. Nada contra quem o instalou, é uma questão de segurança em uma terra cada vez mais insegura. Várias são as razões, causas e justificativas de autoridades e especialistas para a proliferação da violência.
Estabelecer barreiras, cercas, gradis protela as dificuldades, mas não as evita, pois o isolamento leva à alienação, assim como a inércia produz a moléstia, e a negligência é fonte eficaz e fecunda para o mal. Há quem defenda a adoção de leis violentas para combater a violência. Hitler começou queimando livros que violentavam sua ideologia e terminou queimando pessoas.
É necessário ao aprendiz do Evangelho estar atento aos fatos sem que se contamine com a maledicência. Ficar sempre de mãos dadas com a vigilância íntima. Se escuta alguma promessa que atenda a uma aflição pessoal, analise-a, medindo o seu teor de leviandade e mirabolância, pois existem palavras e ideias que ficam bem nas leviandades vulgares, mas estão muito distantes daqueles que buscam e compreendem através do esforço pessoal e do trabalho.
Ser atento, ser vigilante não quer dizer apenas guardar com segurança. Significa prevenir-se, precaver-se e cuidar de cada atitude em seus múltiplos aspectos. É ser responsável por todas as etapas de tudo o que é feito pessoalmente, na escolha do que se faz, no resultado pessoal, na consequência para si, porém sem o esquecimento do resultado para o próximo.
No Evangelho de Marcos, lemos a citação: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (14:38). A tentação não se encontra no outro, nas mitológicas figuras satânicas. Ela é fruto dos vícios, dos desejos e das cobiças que trazemos no íntimo e alimentamos com o nosso orgulho. O meio em que se vive pode contribuir para o agravamento da questão, mas nunca moldar o homem.
Se a vigilância nos mantém atentos, a oração nos fortalece, contribuindo para criação de meios, para transformar o ambiente danoso em uma vivência benéfica.
Cercar a residência pode afugentar o malfeitor, mas não impede a presença do mal. Enquanto, na luta pelo sucesso, precisamos combater a inveja e o despeito; no desejo de uma convivência amigável, no prolongado da vida, lutamos para vencer os sentimentos viciosos que ainda trazemos: o orgulho, o egoísmo, a maledicência.
Ensina-nos Jesus que precisamos vencer as tentações que estão dentro de nós com a orientação “Vigiai e Orai”; esta deve, então, ser a grande estratégia de segurança pessoal e coletiva, para todo aquele que se esforça a fazer o bem que o cabe fazer, em nome do Mestre de Nazaré.
Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 11 de novembro de 2017, Juiz de Fora, MG.
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