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Trabalho e progresso

Allan Kardec em O Livro dos Espíritos desenvolve um interessantíssimo estudo tendo o trabalho por tema central. Na pergunta 676 da citada obra encontramos; “Por que o trabalho é imposto ao homem? — É uma consequência da sua natureza corpórea. E uma expiação ao mesmo tempo um meio de aperfeiçoar a sua inteligência. Sem o trabalho o homem permaneceria na infância intelectual; eis porque ele deve a sua alimentação, a sua segurança e o seu bem-estar ao seu trabalho e à sua atividade”.

Pelo desenvolvimento científico já aprendemos que na Natureza tudo trabalha, porém somente o ser humano quando atento às suas responsabilidades como filho de Deus, encontra na atividade profissional um duplo sentido. Trabalhando, cuida da conservação pessoal e dos seus e, usando sua inteligência aperfeiçoa-se para melhorar o seu desempenho, esforça-se para crescer, resultando em melhor qualificação e progresso.

Em sua Carta aos Romanos – Os herdeiros de Deus, o Apostolo Paulo nos ensina; “Que diremos pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça? Sim, mas a justiça que é pela fé? Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou à lei da justiça. Por que? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras da lei, pois tropeçaram na pedra de tropeço”. O Apostolo está nos ensinando à distinção entre a lei “pedra de tropeço”, que atende ao particularismo, imediatista e egoísta, que abafa o progresso e as virtudes, da lei regida pela fé, que nos conduz ao trabalho como agente de aperfeiçoamento rumo ao bem, mostrando que o dever lealmente cumprido, mantém a saúde da consciência e que não é a posição hierárquica que exalta o trabalhador, mas sim o comportamento moral com que se conduz dentro da profissão.

Se os tempos não são favoráveis e devemos recorrer às leis humanas para assegurar os direitos, mas que seja feito com equilíbrio moral, visando ao que cabe a cada um, sem perder o senso de futuro e responsabilidade para com as próximas gerações. Para haver justiça, tem que existir caridade, por conseguinte, fé. Caso contrário sofreremos o legalismo inconsequente. Na colheita de acordo com a semeadura.

Lembremos que o abastado deve cuidar para que todos os dependentes tenham condições dignas de crescer e progredir. E ao trabalhador, em todas as esferas hierárquicas, cabe dignificar suas tarefas com empenho e inteligência, trabalhando com dignidade e respeito, assim se desapega das supostas verdades do mundo porque melhor compreende o sentido universal da vida.

Se no mundo das materialidades afirma-se que o trabalho dignifica o homem. Para os aprendizes da Doutrina Espírita a atividade profissional é também um instrumento de justiça e pacificação interior, como diz dona Isabel Salomão de Campos; “Trabalho digno é prece eterna”.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 29 de abril de 2017, Juiz de Fora, MG.

12 de setembro de 2019 por: A Casa do Caminho