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Sua paz, nossa paz

A minha paz vos deixo, a minha paz vos dou, afirmou Jesus. Entre as grandes e materialistas nações, paz é o silenciar dos canhões. Religiosos de seguimentos variados veem na como o isolamento na clausura; para muitos tantos, a segurança financeira; muitos buscam na no retiro pessoal, indo habitar locais ermos ou bucólicos. Há quem busque a paz nos agitos dos grandes centros. Fato é que ainda não encontramos a paz referida pelo Mestre de Nazaré. Por quê?

Em tempos presentes, quando a mudança de calendário nos convoca às comemorações muito naturais e cabíveis nos equilíbrios da vida social, a expressão paz, dita, e bem dita, a cada encontro com nossos fraternos, torna-se elemento corriqueiro. Esquecemos as dificuldades, também naturais da vida, e, de certa forma, abrimos os canais das emoções tão contidas costumeiramente. E, sorrindo, desejamos feliz ano com muita paz. Que bom que seja assim. Por alguns dias e horas, voltamos nossos sentimentos para o eterno, relegando a plano secundário as queixas e diferenças.

Mesmo nas ruas agitadas pelo volume de pessoas e pelo trânsito, o exercício, às vezes instintivo, de se desejar a paz torna todos mais soltos e descontraídos. As pessoas chegam a se mostrar mais livres em si mesmas, desprendidas dos medos e das desconfianças infundadas. A pretensão quase desaparece, e os interesses mesquinhos ficam empanados pelas vibrações externadas nas palavras que desejam paz.

Toda transformação, muitos já sabem, ocorrem do que é íntimo e pessoal, não se tratando portanto, de uma conversão mágica ou de uma hipnose da matéria nos apegos ao formalismo exterior.

Se concentramos o pensamento de maneira tensa na solução de um problema, a nossa mente se fecha sobre si mesma como a tartaruga em seu casco, o qual defende do risco externo, mas impede o fluxo do contato com o mundo exterior. Essa concentração nos isola em nossas angústias e nas nossas aflições, levando ao desespero e tornando o sentimento da paz algo platônico.

Retornando ao ensinamento de Cristo: O meu reino não é deste mundo, sentimos, nas palavras do Mestre e Amigo, que nossa vida não é materialidade pura, e sim espiritualidade e, como tal, é regida pela nossa mente, alimentando-se de matéria para o sustento do corpo. No entanto, vivemos de anseios, sonhos e aspirações, ideias e impulsos, que brotam de nosso íntimo revigorado pela grande renovação dos envolvimentos emocionais, vindos das palavras e exemplos de Jesus.

Nesses momentos, de tantos desejos fraternos, permitimos que ocorra a supremacia do ser humano espiritual, buscando, não o maravilhoso, mas sim a vida maravilhosa, sustentada pelo sentimento de fraternidade espontânea. Na certeza de que Deus existe e de que Jesus é seu supremo mensageiro, Sua paz é a paz que procuramos vivenciar e a todos desejamos.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Artigo do Dia’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 31 de dezembro de 2011, Juiz de Fora – MG.

1 de dezembro de 2020 por: A Casa do Caminho