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Seu Tesouro

“É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no Reino dos Céus”. (Mateus 14;24).

Lendo rapidamente, sem prestar atenção no espírito da letra, corremos o risco de pensar que o Reino de Deus é o reino da pobreza, da miséria e dos maltrapilhos e que os ricos estão efetivamente condenados, já que não podem entrar. Há quem diga que Deus é injusto, pois se Ele que tudo criou, criou também as riquezas e os que a possuem, como pode condenar à desgraça um fruto de sua própria criação?

Sabemos que Deus é Amor e Justiça e, por conseguinte, jamais condenou alguém e, como tal, as riquezas em todos os seus aspectos construtivos. O fato de possuí-la ou não está diretamente vinculado à Lei de Causa e Efeito.

O rico que não entra no Reino dos Céus é todo aquele que construiu seu reinozinho sedimentado na ganância, alimentado pelo egoísmo, fechado em si mesmo, onde imperam o menosprezo e a arrogância, e a única regra de convivência é o interesse. Essas emoções maléficas são os mais ferozes inimigos do Reino de Deus, esse que se fundamenta no Amor e na Justiça. E para ensinar a combater esses adversários, foi que Jesus disse ao jovem rico: “Vá, venda o que tens e dá aos pobres, depois me segue.”. Assustado e apegado aos bens materiais, o rapaz esgueirou-se em meio ao povo desaparecendo, perdendo a entrada para o Reino.

Nessa passagem, Jesus dá uma grande lição à humanidade: a modificação do ambiente à nossa volta depende de nossas escolhas pessoais, e dividir a riqueza não é destruí-la, é sim multiplicá-la, é abrir para a riqueza novas possibilidades de crescimento. Ao dividir um bem, esse é retirado das garras do egoísmo e é depositado nas mãos do altruísmo, dinamizando o progresso da justiça social.

O Reino é dos Céus, mas Jesus o trouxe à Terra a fim de ensinar à humanidade que a Justiça se faz através do Amor ao próximo, como nos ensinou na oração do Pai Nosso: “…Assim na Terra como nos Céus.”.

Nos achamos tão cultos, tão conectados, mas temos gigantesca dificuldade de entender a dialética do Cristo: Terra e Céu, Amor e perdão, dividir igual para multiplicar.

Se desejamos o progresso, é necessário aliviar o fardo do materialismo que arqueia nossos ombros, nos projetando ao solo como insetos embaixo de uma pedra. Atendamos ao Cristo que nos ensinou: “Busque primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e tudo mais virá por acréscimo. Pois onde estiver o seu tesouro, ali estará seu coração.”.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 23 de julho de 2016, Juiz de Fora, MG.

30 de janeiro de 2020 por: A Casa do Caminho