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Ser parte da matilha ou o rebanho?

Bem aventurados os que padecem perseguição por amor à justiça, exortou o Cristo no Sermão do Monte. Por não prestar quase nenhuma atenção aos ensinos do Mestre de Nazaré, tendemos a refletir como se Ele se referisse à Justiça do mundo, o que de fato não o é. Jesus deixou bem claro aos apóstolos quando os advertiu: Eu vos mando como ovelhas no meio de lobos; por me seguirdes, sereis açoitados nas sinagogas, assim como vos arrastarão à presença dos governadores e dos reis; por causa do meu nome, sereis odiados de todos, e chegará a hora que todo aquele que vos matar julgará prestar serviço a Deus; o servo não é mais do que seu senhor, e, se perseguiram a mim, hão de perseguir-vos também. Indiscutivelmente a referida justiça é a Divina, aquela que está acima da pequenez dos interesses passageiros e seus representantes, geralmente chamados de poderosos. E exatamente por saber do atraso moral da população planetária, longe de prometer aos seus discípulos uma vida de atribulações, preveniu a todos reiteradamente de que não deveriam esperar se não injúrias e perseguições.

Nestes mais de 20 séculos, as palavras do Cristo de Deus se fazem atualíssimas, reforçando a necessidade no emprego do Evangelho desvencilhado de toda simonia, como a única regra a ser aplicada para todos que buscam de fato e direito a elevação frente a esta desgastada e decadente sociedade.

O mundo é grande, sua população conta-se na casa dos bilhões. Mudar tantos lugares e pessoas é impossível, e Jesus não nos recomendaria nada que fosse impossível. Então mudemos a nós mesmos. Padecer por amor à justiça é muto mais que o respeito à Lei. Não matarás, afirma o mandamento. Eu o cumpro, mas apoio a quem mata? Calo-me diante do crime. Finjo não ver ou entendo como algo normal? Não roubarás é o sétimo mandamento, certamente o mais descumprido no momento presente da vida pública nacional. Cabendo ao verdadeiro Cristão por amor à justiça, em suas apões mais íntimas, imprimir a marca indelével da honestidade, jamais enganando os outros e sendo verdadeiro, não para auferir vantagens, mas por obediência ao Cristo, pois todo cultivo da verdade brota em consciência tranquila, livre do remorso, pois nada torna alguém mais infeliz quando tiver perdido a confiança de todos.

Manter-se limpo vivendo no lodaçal, ser verdadeiro aos nossos princípios a qualquer custo, ser forte nos embates, mesmo que sofrendo. O sofrimento é sempre passageiro e nos aprimora a força de vontade, frente ao materialismo mundano. Se sofremos em respeito à Lei de Deus, é justamente por causa do apego às futilidades. No dizer do Cristo os lobos, animais primitivos, violentos e carnívoros convivendo face a face com a sutileza das ovelhas, igualmente animais, porém silenciosos, que não matam para sobreviver e ainda fornecem lã para nos aquecer. Um é violento outro é delicado. É um exato paralelo às coisas do homem e as ensinadas por Jesus. Por muito temos escolhido ser matilha; é chegada a hora de sermos parte do rebanho, seguindo Jesus.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Artigo do Dia’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 27 de agosto de 2011, Juiz de Fora – MG.

9 de junho de 2020 por: A Casa do Caminho