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Semeando afinidades

É certo que cotidianamente buscamos a felicidade e pensamos que com isso encontraremos a paz. Também é certo que essa busca ocorre meio às cegas, visto a natural dificuldade em compreendermos a paz e a felicidade, mesmo que de modo pouco profundo.

Há em nós um desejo quase hereditário de se viver no paraíso, que idealizamos bem particularmente, tendo ele todas as coisas que atendam aos nossos mais recônditos e secretos desejos, ainda que não sejam os mais nobres.

Mas causa estranheza que, na rotina diária, ao iniciarmos mais um dia de vida para a jornada de obrigações, olhamos em redor, e nada há de grave ou concreto, que nos injurie. Tudo está tranquilo em nossa vida, então, descontentes com a calma ou a monotonia, infantilmente, como crianças espirituais, lançamos nossa atenção às mais remotas recordações, aos desejos já há muito esquecidos, e vamos longe reviver angústias e tormentas emocionais. Tornamo-nos prisioneiros do passado, por esforço próprio em pessoas insatisfeitas, pessimistas e desanimadas. Empenhamo-nos, dia a dia, a permanecer ao lado dos contratempos naturais, normais e educativos da reencarnação, mas, egoístas que somos, dedicamo-nos a reclamar de tudo e todos: – Nada posso, minha vida é só treva, sou um esquecido de Deus.

Semeando e nutrindo afinidade com as lamentações, cultivamos e vivemos em sombras, cativos da escuridão, levando a própria vida ao fracasso. Na sequência dos fatos da existência, não devemos esquecer que cada um tem suas próprias questões, que muito se assemelham às do próximo. É importante observar que cada um vive em coletividade com muitos, mas cada qual tem seu mundo próprio, e, se induzimos o nosso próprio mundo ao fracasso, quem nos livrará dele?

Todos somos criados por Deus, dotados do livre-arbítrio e com a capacidade de criar o nosso próprio destino. Então, faz-se necessário aprender a selecionar pensamentos, expressões e afirmações que sejam compatíveis com o filho de Deus, Espírito imortal obediente às Leis do Universo.

“Uma frase estabelece determinada disposição. Determinada disposição produz certa atividade específica. Certa atividade específica gera circunstâncias. E circunstâncias constroem a vida” (Emmanuel).

Não nos iludamos. Mais dia, menos dia, todos sofrem, não por castigo Divino, mas por cumprimento da lei universal de causa e efeito ou ação e reação.

Pedro, o Pescador de Almas, afirma em seu Evangelho: “Assim, aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus confiam suas almas ao fiel Criador, dedicando-se à prática do bem”.

Independentemente das circunstâncias em que nos encontremos, não cultivemos o pessimismo, o menosprezo ou a cólera, que só agravarão as situações. Todos sofrem no cadinho das experiências necessárias, mas poucos sabem vivenciá-las como cristãos, seguindo as trilhas do Mestre Jesus. Cabe-nos o esforço para sermos uns desses poucos.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 09 de outubro de 2020, Juiz de Fora, MG.

16 de fevereiro de 2021 por: A Casa do Caminho