Dos tempos mais remotos da criação social da humanidade aos dias presentes, é incontestável a marcha do progresso, como assim também o é o papel de submissão imposto ao elo feminino desta sociedade, parte esta da qual todos descendemos. Aí está a grande pergunta a ser feita. Por que à mulher é imposta, geralmente, uma condição taxativa de submissão inferiorizante? Governos, instituições, organizações de múltiplas ordens buscam soluções, e estas mantêm-se apenas como paliativas, porque estão distantes da causa real.
A brutalidade organizacional das nações tem limitado ou reduzido a condição e a ideia de progresso ao mero enriquecimento material e à constituição de estados belicosos, onde a desumanidade é o elemento mais importante. Se na materialidade social caminhamos em terras áridas, no espaço religioso não é diferente. O espectro feminino, também relegado ao anonimato, vê brotar ensinamentos que mostram ser o homem filho do pecado original, condenado ao sofrimento, e, não podendo salvar-se por si mesmo, necessita do socorro de Deus, um ser másculo vingativo e pronto a lançá-lo nos espaços de um céu ocioso ou condená-lo ao fogo eterno. E aí que está a base de toda a civilização ocidental; é essa concepção de mundo e da vida que se inspira, e toda a organização fornece ao corpo social sua direção e sua forma. Novamente, vemos a total ausência da Suprema Justiça e o Divino Amor.
Amor fartamente observado no convívio do Cristo com as mulheres em seu redor. Sem importar o tempo que ao Seu lado estiveram, os personagens femininos demonstraram as mais puras lições de incomparável grandeza espiritual. Da adúltera a ser apedrejada, ficou a lição do perdão e da corrigenda íntima, através de que aprendemos a salvar-nos a nós mesmos. Da mulher que tocou as vestes do Cristo, tragando uma virtude na cura de sua hemorragia até então incontrolável, a lição de fé, quando o Mestre afirma: “Vá, minha filha, a tua fé te curou”. Maria de Magdala, no auge do sucesso mundano, envolvida nas cristas do mais elevado poder político, rodeada de ouro e prata, ao ver o Cristo, a tudo abandona, em uma luta íntima, tornando-se o maior exemplo do soerguimento moral, dignificando sua vida com os ensinos do Mestre de Nazaré. Se ainda são incompreendidas nos dias de hoje, com todo o progresso, não encontraremos em suas histórias os motivos dessa incompreensão. Faz-se necessário olharmos para dentro de nós mesmos, escavando o íntimo e revendo as ideias que trazemos sobre a organização do mundo, no qual somos artífices.
Como nos ensina Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, o homem e a mulher têm os mesmos direitos, o que os difere são as funções. Ao homem cabe o cuidado com a ordem social para o progresso de acordo com as leis divinas; à mulher cabe a responsabilidade do equilíbrio do lar e a ela foi dado o poder da vida.
Que Maria a Santíssima ampare e abençoe todas as Marias hoje, amanhã e sempre.
Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 30 de março de 2019, Juiz de Fora, MG.
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