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Nossas vontades

“Adeus, ano velho! Feliz ano novo! Que tudo se realize no ano que vai nascer! Muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender! Para os solteiros, sorte no amor, nenhuma esperança perdida. Para os casados, nenhuma briga, paz e sossego na vida.”

As emoções transmitidas nas palavras dessa tradicional canção refletem claramente a esperança que ronda todos os corações sempre que o calendário anuncia a chegada do novo ano. É lindo ver o povo em festa, as casas iluminadas, os amores renovados e os planos sendo lançados no mar das vibrações renovadoras do futuro.

Virar o calendário é o simbólico momento de recomeçar. Conscientes, entendemos que é o mesmo que fazemos todas as manhãs quando despertamos para o dia novo, porém sem os fogos de artifícios e as luzes coloridas que enganam e enfeitam, por segundos, nossos sentidos. Precisamos acordar iluminados pela vontade de construir, a cada oportunidade, um novo pequeno ponto de luz espiritual, que marcará, como as migalhas de pão, o nosso caminho.

Nas viradas de calendário, renovemos nossas vontades tendo como o foco primordial o equilíbrio das emoções, sem o qual tudo se confunde e nos põe a perder no torvelinho das materialidades que o tempo corrói. Renovação é a palavra de ordem em todos os planos da vida planetária, pois nada progride sem a marca do esforço. Porém é muito difícil e quase impossível que nos renovemos de uma só vez, que encontremos todos os pontos frágeis, passivos de correção e aperfeiçoamento, visto o curto tempo da vida. Manter o foco no progresso espiritual é essencial. Uma palavra, um sentimento, uma atitude na direção do bem, que seja aplicável e eficaz, certifica a nossa boa vontade. Uma pequena expressão vocabular encerra toda a nossa emoção transformadora que é o verbo doar.

As maiores transformações de nossa vida surgem quase sempre nas doações que fizermos. Dar algo ou alguma coisa a alguém é o mesmo que criar uma ótima oportunidade de convívio e forte chance de multiplicar relações pessoais.

Embora muitos insistam que o ato de auxiliar procede apenas da doação de valores monetários, todos podemos e, de fato, devemos oferecer, diariamente, alguma consolação, encorajamento, gentileza e entusiasmo. Porque, ao nosso redor, todos os dias, há pessoas necessitando de um sorriso para que lhe seja varrida a solidão. Uma frase de atenção e simpatia pode despertar a noção de solidariedade, germinando a nova vida no espírito em que o sofrimento ofuscou a esperança.

A rigor, todas as virtudes nascem do ato de doar. Tolerância é a doação de entendimento. Beneficência é a doação de recursos próprios. Paciência é a doação de tranquilidade interior. Sacrifício é a doação de si mesmo.
Doar o que possa e o que se tem é o único caminho a ser percorrido por cada um de nós, para que a vida se resulte em bênção divina.

Jesus nos ensina: “Dá, e dar-se-te-á”. Que todos nós nos renovemos no amor cristão, para que o ano seja verdadeiramente novo.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas – 06 de janeiro de 2018 – Juiz de Fora – MG.

23 de julho de 2019 por: A Casa do Caminho