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Fé e razão

A fé viva não é patrimônio transferível: é conquista pessoal, ensina o espírito André Luiz, através do brilhantismo mediúnico de Francisco Cândido Xavier.

Geralmente, considera-se a fé como mera crença em certos dogmas religiosos, aceitos sem exame e certamente levam a erros grosseiros. Mergulha a humanidade nos mais insanos atos como a Santa Inquisição. A fé política levou ao Nazismo, às ditaduras no Brasil e ao Imperialismo. Mas a verdadeira fé está na convicção que nos anima e nos arrebata para os ideais elevados.

A fé é o sentimento do ideal, e, para toda pessoa de bom ânimo, é a visão do sublime guiada pela mão divina, a fim de conduzir a humanidade ao bem e à verdade. Por essa razão, a fé não pode ser cega. Quando cega, a fé religiosa anula a razão e se submete ao juízo dos outros; aceita um corpo de doutrina verdadeiro ou falso, e dele se torna totalmente cativa. Na sua impaciência e nos seus excessos, a fé cega recorre facilmente à traição, à deslealdade e à subjugação, conduzindo ao fanatismo.

Certos teólogos conclamam-nos a desprezar a razão, a renegá-la, a rebatê-la. A razão é uma faculdade superior, destinada a esclarecer-nos sobre todas as coisas. Como todas as outras faculdades, desenvolve-se e engrandece pelo exercício. A razão humana é um reflexo da razão eterna: é Deus em nós, afirma o apóstolo Paulo de Tarso. Desconhecer-lhe o valor e a utilidade é menosprezar a natureza humana e é ultrajar a própria Divindade. Querer substituir a razão pela fé é ignorar que ambas são solidárias e inseparáveis; que se consolidam e vivificam uma a outra. A união de ambas abre ao pensamento um campo mais vasto, harmoniza as nossas faculdades e nos traz a tão desejada paz interior. É da fé que nascem os mais nobres pensamentos e ações, a convicção imperturbável diante do perigo, frente às mais ásperas tribulações. Para produzir tais resultados, necessita a fé repousar na base sólida que lhe oferecem o livre exame e a liberdade de pensamento. Em vez de dogmas e mistérios, cumpre-lhe reconhecer tão-somente princípios decorrentes da observação direta, do estudo das leis naturais. Como sustentar a fé se pensamos ser a vida o pagamento de pecados punido pela morte infernal? A fé raciocinada é robusta; é o conhecimento do mundo invisível; é a confiança numa lei superior de justiça e progresso que imprime a essa fé um duplo caráter de calma e segurança.

Efetivamente, que poderemos temer, quando sabemos que a alma é imortal, que a vida não se finda no túmulo?

Até quando sofrereis por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos será impossível. (Jesus)

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Artigo do Dia’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 11 de fevereiro de 2012, Juiz de Fora – MG.

18 de agosto de 2020 por: A Casa do Caminho