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Enquanto crescemos

Enquanto a história percorre pelo reino encantado das fadas e duendes, fala dos caminhos misteriosos das florestas mágicas, dos gênios a nuvear escapando da garrafa e realizando todos os desejos, a criançada escuta atenta, estampando alegria e interesse no semblante feliz. É natural dos corações infantis amar os sonhos. No lapso de poucos anos, crescem, e a natureza, narradora da vida, muda seu discurso. Os encantamentos são substituídos por realidades às vezes extremas, quando não, as obrigações adolescentes despertam o gênio até então escondido sob o manto da infantilidade e reagem provocando os primeiros conflitos da vida em comum. A fisionomia maravilhada assume ares de carranca.

Desde sempre cultivamos a lei do menor esforço, um desejo íntimo de um herói para nos desvencilhar das dificuldades e, ao mesmo tempo, nos indicar os caminhos a seguir para o reino da fartura, de bênçãos, confortos, salvações. Pela obediência cega a uma certa modalidade de obrigação social, sonhamos conquistar um lugar no céu. O sonho ganha força de ideal, e uma força intensa sobre determinadas organizações sociais forma grupos fechados em si mesmos, distinguindo-se por hábitos, gestos e falas características de quem viu a divindade e o tecido social vai-se fragmentando em retalhos de uma colcha mal costurada em que suas partes não se combinam entre si.

Grupos de revelados, arrebatados, irmãos seguidores deste e daquele, portando toalhinhas, chapéu branco, casula ou alfaia. As religiões, ao invés de reunir, segregam. Esquecem o ensinamento de Jesus Cristo: Quem é minha mãe, quem são meus irmãos, senão aqueles que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus… A grande revolução exemplificada pelo Cristo não é de uma sociedade fechada em si mesma. É o ensinamento de cada passo definitivo no caminho do progresso moral. Este se resume na palavra amor, sentimento exibido em todas as passagens da vida de Jesus.

Esse amor derruba respeitosamente toda e qualquer autoridade terrena: A César, o que é de César, e a Deus, o que é de Deus. Esse amor não se fundamenta em obrigação social, mas se converte em impulso de eliminar no próprio íntimo as emoções individuais e utilitaristas, substituindo-as pelo coletivo. Jesus está nos dando à visão celestial de família, alargando o campo das esperanças, com esforço próprio e autoaperfeiçoamento. A maioria se espanta e tenta o recuo, pretendendo o céu fácil depois da morte do corpo.

Ninguém, contudo, perturbará a lei moral e divina do Cristo que prevalece sempre:

Ninguém chegará ao Pai senão por mim.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Artigo do Dia’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 10 de março de 2012, Juiz de Fora – MG.

25 de agosto de 2020 por: A Casa do Caminho