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Embainha tua espada

Há dois mil anos, momentos antes da prisão de Jesus, ao ser levado pelos guardas de Caifás, sumo sacerdote de Jerusalém à época, o Mestre repreende seu discípulo Simão Pedro, que, na tentativa de defender Jesus, puxa da bainha sua espada e fere o servo do sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. Jesus, então, ordena a Pedro: “Embainha tua espada! Deixarei eu de beber o cálice que o Pai me deu?”. E, tocando-lhe a orelha, o sarou (João 18:11). Passagem que merece reflexão.

Quantas vezes nos colocamos com espadas invisíveis em riste? Vivemos uma era de questionamentos, de oposições, de manifestações pessoais ou coletivas, que contestam o outro e suas verdades. Não diferentemente de outras épocas. Porém o que se afirmou como verdade, tempos depois, perde sua veracidade; o que se defendeu ontem hoje já não é alvo de defesa; quem está de um lado passa a outro, e assim, como diz o compositor, caminha a humanidade. Entre grandes guerras e pequenas dissensões no dia a dia, o outro é visto como adversário a ser combatido, no lugar de irmão na grande jornada da vida.

Em se referindo à passagem narrada, Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, alerta para os perigos da guerra quando abrimos luta contra os semelhantes, quando sustentamos a contenda com o próximo: “Ideais superiores e aspirações sublimes longamente acariciados por nosso espírito, (…) plantações de luz e amor, no terreno de nossas almas, sofrem desabamento e desintegração, porque o desequilíbrio e a violência nos fazem tremer e cair nas vibrações do egoísmo absoluto que havíamos relegado à retaguarda da evolução”. Ao alimentarmos a guerra com nossos semelhantes, com aqueles que pensam ou agem diferentemente de nós, perdemo-nos, esquecendo o bom combate que cabe manter em nós mesmos.

Voltemos ao ensinamento do Cristo: amar ao próximo como a si mesmo; fazer ao outro aquilo que gostaríamos que nos fosse feito. Eis o caminho a construir e viver em um exercício diário.

Como é distante ainda para a humanidade viver o amor ensinado por Jesus, d. Isabel Salomão de Campos esclarece que devemos ajudar, orientar, proteger, de alguma forma amparar e, através da bênção das reencarnações, vamos chegar ao amor vivenciado por Jesus. É preciso esquecer aquilo que nos fazem e que nos magoa, para não nos maltratarmos com as incoerências e com a falta de respeito que por vezes tenham conosco. Essa é uma forma de perdoar e é uma fórmula de perdão. É um exercício íntimo para nos felicitar. Daí vamos passando para a caminhada do amor, porque por amor esquecemos o mal, por amor perdoamos, por amor ajudamos incondicionalmente.
Embainha tua espada na caminhada cristã; façamos a paz com os que nos cercam, para seguirmos aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Por Denise Pereira Rebello, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 19 de janeiro de 2019, Juiz de Fora, MG.

7 de janeiro de 2020 por: A Casa do Caminho