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Em nossas mãos

No estudo da doutrina espírita, aprendemos que todos somos dotados do livre-arbítrio, que consiste na liberdade de escolha e, claro, suas consequências. Existe neste contexto outro aspecto pouco observado; quando escolhemos alguma coisa, aonde ir, o que comer, com quem estar, naturalmente recusamos a escolha oposta. Então, o livre-arbítrio é também uma força íntima para resistir e negar aquilo que entendemos por ameaça. Escolhas são feitas impulsionadas pelo sentido da satisfação e do prazer. Onde estiver seu tesouro estará seu coração.

Paulo, o apóstolo, ensina: “Em Deus estamos e em Deus nos movemos”. Deus vela por todas as criaturas. Deus está presente na constituição física do planeta através das leis que o regem. Deus está presente na consciência dos seres através das leis de amor, que existem em potência, no íntimo de cada um, e eclodirão em ato e fato quando amadurecer. O ser vive o universo. Consciente ou inconscientemente, todos vivemos. A aranha tece a teia e a ela fica presa, o sapo salta na lama – é a vida inconsciente ou instintiva. No início, o homem vive instintivamente, mas vai caminhando para a conscientização da necessidade em desenvolver suas potencialidades. Esta necessidade geralmente surge em consequência a algum sofrimento, que, por sua vez, é resultado do erro cometido.

Dor é sinal de alerta, de que algo não vai bem, é chamamento de atenção, daí o dizer de dona Isabel Salomão de Campos: “a dor é amiga”. Ela nos leva à reflexão, à busca de um novo caminho, e como amigo é aquele que nos dá bons conselhos, a dor pode nos despertar. Despertando, deixaremos de lado a caminhada dos irracionais, dos instintivos, daqueles que “são todo mundo”, que vivem sonambulicamente, para nos tornarmos um ser consciente, que desenvolve a capacidade de auxiliar o próximo, superando as fragilidades mais íntimas.

No passado, um homem viveu intensamente e deixou sua marca de luz: Jesus de Nazaré. Jesus viveu existindo, ensinou ao homem a romper sua estreiteza, anulando os motivos individuais que levam à angústia e ao desespero. Jesus ensinou o caminho para “a vida em abundância”. Vida em abundância é o sinônimo de existir. Existir é transcender, superar a animalidade, é confiar primeiro em Deus, e o mais virá por consequência natural.

Então, podemos concluir que tudo está em nossas mãos para responder à grande questão: que tipo de pessoa pretendemos ser? Seremos aranhas enredadas na própria teia? Sapos naufragados na lama? Homens que vivem em bloco respondendo ao instinto de comer, satisfazer suas necessidades? Ou seremos seres existentes como o Cristo foi? Tudo depende da maneira como utilizamos o livre-arbítrio. A melhor escolha é seguir aquele que é o caminho, a verdade e a vida.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Artigo do Dia’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas – 08 de março de 2014 – Juiz de Fora – MG.

7 de abril de 2019 por: A Casa do Caminho