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Em família

A vida em família é dos mais amplos espectros da análise sociológica, a grande e inimaginável experiência de vida. Os que buscam terras distantes na ânsia de aventuras perdem a oportunidade de olhar para os lados e aventurar-se no mais profundo convívio com parentes mais próximos.

A concepção jurídica de família não vai além dos interesses de uma existência, é claro, pois é uma ciência deste mundo, assim como a sociologia que acertadamente faz da família a base da sociedade. Ambas, no entanto, são materiais, perecíveis e transitórias.

Pelos séculos, a humanidade provou inúmeras e mirabolantes experiências de construção familiar. Esparta morreu de inanição por falta de relações familiares, enquanto Atenas projetava-se como berço do pensamento humano calcado na solidez de seu sistema familiar. Roma caiu nas mãos dos bárbaros quando suas famílias entregaram-se à degeneração. O grande filósofo Jean Paul Sartre, que rompeu com a tradição familiar, nunca dispensou a companhia de sua esposa Simone de Beauvoir. Os anarquistas e socialistas, em delírio, sonharam com sociedades antissociais, compostas de pessoas avulsas, filhas e empregadas do Estado, sem vontade ou sonhos próprios, e os educandários estatais, transformados em depósitos de jovens, futuros adultos míopes da visão da grandeza do mundo e desprovidos de qualquer noção de amor. Desde os tempos mais distantes, ainda no tribalismo, os povos selvagens mostram que o amor é a essência da educação. Em primeiro lugar, está a educação familiar, fundamentada na afetividade, na relação de amor entre pais e filhos, e que exige paciência de cada um na mesma proporção.O mundo dos filhos não é o mesmo que o dos pais. Mergulhando no ambiente dos jovens ou das crianças, novamente nos fazemos crianças e jovens; votando ao nosso próprio tempo, rememoramos antigas emoções; e retornando ao presente na sua dura realidade, convivemos com as gerações sem buscar esmagá-las em seus ideais, com a nossa clava saudosista.

A vida é o presente para o futuro, e o passado passou, pertence aos domínios de Deus. É saudável esquecer os antigos problemas e dificuldades. Repisá-los é abrir as portas para sofrimentos e enfermidades, visto que não podemos trilhar o caminho do bem relutando no mal. Se nos faltam recursos próprios, busquemos ajuda no Evangelho. Estudando, aprenderemos o sentido espirtual da vida em seus mais ricos e profundos ramos.

Estudar os ensinamentos de Jesus é trilhar com segurança os mais delicados momentos. Se possível, faça-o em sua casa, reunindo espontaneamente cada membro da família, ou mesmo sozinho. Dia e hora marcados, sem atraso ou falha, este é o compromisso com o Cristo. Em silêncio, faça uma prece, abra o Evangelho aleatoriamente, leia com calma um trecho, reflita e agradeça a Deus pelo estudo. No gesto simples, discreto, quase invisível, opera-se uma grande revolução espiritual para o equilíbrio nas relações familiares.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Artigo do Dia’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 19 de maio de 2012, Juiz de Fora – MG.

8 de setembro de 2020 por: A Casa do Caminho