Enquanto a maioria vai deixando de lado suas atividades na medida do avanço dos anos físicos, minha mãe, dona Isabel, debruça-se em esforços para renovar energias na busca de outras atividades no círculo do trabalho afetivo. Assim tem sido sua vida: dar ao outro que não possui aquilo que ali é farto.
Sua marca de vida é o trabalho incessante, suave, nunca lento; discreto, mesmo que nem tão silencioso; persistente, quase uma teimosia no bem. Surpreendente, nunca escandaloso. Desafiador, um tanto provocativo. Poderoso, sem status. Verdadeiro, nunca engajado. Exigente no esforço, respeitoso no trato da capacidade individual. Como poucas, tem a capacidade de observar no próximo o talento encoberto pelo mau gênio ou teimosia.
Chico Xavier, ao encontrá-la rodeada de amigos trabalhadores, indagou: Onde, minha irmã, você foi encontrar uma equipe? Veja: todos têm o mesmo olhar!
Em sua caminhada, os passos foram sempre contados, não em números de distância ou planeamento objetivo. A conta é o destino, meta a ser alcançada: quantos desfrutarão dos resultados. Estranha maneira de viver essa.
Mas não estava sozinha na estranheza de vida. O esposo, parceiro e partícipe foi igual. Enquanto seus pares juntavam para compra de casas e terrenos, na garantia de um futuro melhor, os dois detinham-se na certeza de que uma residência alugada, roupas limpas, alimentação e a educação escolar bastavam à família. No mais, as energias e a curta poupança seriam destinadas aos que menos ou nada possuíam.
O jovem casal dedicou-se aos velhinhos na fundação João de Freitas, às reuniões de estudo do Evangelho na Casa Espírita e aos meninos residentes do Instituto Jesus. A família material cresceu junto às responsabilidades naturais a todos; nunca o casal abriu mão dos ideais ensinados por Jesus e revividos pelo codificador Allan Kardec. Crescemos todos: filhos, netos e bisnetos. Gente de todo o país e do mundo busca sua mediunidade, palavras e sorriso. E todos, como um só, desfrutamos, ao seu lado, mais um aniversário e testemunhamos ser verdade intocável sua jornada espírita, vivenciando diuturnamente a passagem do Evangelho: Jesus estava sentado à roda de um crescido número de gente, e lhe disseram: — Olha que tua mãe e teus irmãos te buscam aí fora: E ele respondeu, dizendo: — Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? — E olhando para os que estavam sentados à roda de si: — Eis aqui, lhes disse, minha mãe e meus irmãos. Porque o que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe (Marcos, III: 20-21 e 31-35 – Mateus, XII: 46-50).
A prudência sábia a fez reduzir a velocidade, mas não a determinação dos passos marchados; os sonhos continuam sendo erguidos como se não houvesse tempo. De fato, não há tempo para o espírito milenar vestindo o corpo que completa, hoje, 88 anos de realizações e exemplos. Exemplos que emocionam, como ouvi-la dizer: O que me deixa feliz, é que tudo isso acontece por causa do Evangelho de Jesus.
Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Artigo do Dia’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 22 de setembro de 2012, Juiz de Fora – MG.
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