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Caldos de egoísmo

Novamente o planeta está abalado por crise econômica a qual os especialistas no plantão jornalístico imediatamente dedicam-se a destrinchar em longos e deleitantes debates que só eles mesmos entendem, penso eu. Não sendo um expert no assunto, sem exagero, busco compreender o que se passa, afinal todos temos responsabilidades com todos. E para quem não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve, disse Gandhi. Por não desejar qualquer caminho, creio ser prudente buscar informações para trilhar as veredas da vida, esta que se apresenta em particularidades para cada um, aparentando contradições se observada num olhar coletivo, porém que não traz contradição alguma.

Deus, a inteligência suprema e a causa primeira de todas as coisas (Alan Kardec), estabelece a ordem de tudo, sem determinismo fatalista, visto que dotou a todos do íntimo desejo de progresso, legando a cada um de seus filhos a Lei do Livre Arbítrio e a Lei de Causa e Efeito, nas quais, a vida, aí sim, seria injusta, e Deus teria falhado, o que justificaria o caos no qual o mundo está mergulhado. Se estamos onde estamos, cabe-nos a exclusiva responsabilidade.

Passamos todo o século XX nos matando em guerras, apoiando revoluções e as mais torpes ditaduras, com exclusivo e único desejo de satisfazer nossas anormalidades de caráter, na vingança contra os que possuíam aquilo que desejávamos. Sempre fazendo o que queremos, bafejados pelas mais absurdas justificativas, regadas nos mais densos caldos do egoísmo, unimo-nos em partidos políticos demagógicos, focos de reacionários das duas bandas. Deixamos nos submeter por religiões que insistem em valorizar a fraqueza e a impotência humanas diante do Criador, ao mesmo tempo em que misticamente revelam a importância e a necessidade vital do intermediário, aquele ungido por seu deus em particular para guiar a sua raça eleita, para a construção de uma nação santa povoada somente pelo seu povo. É a história se repetindo…

Só haverá felicidade se acatarmos como cordeiros que seguem para o abate a nossa sentença de incompetentes e servis. O servilismo é o pai da escravidão moral e intelectual, é o agente castrador das potencialidades humanas, gerador de todas as crises íntimas e públicas, é bússola desorientada dos poderosos da terra.

Deus é amor, nos lega a vida por instrumento de progresso frente a tantos dês: descaminhos e desgovernos. Como não nos perdermos? Manter a vida como dádiva divina é a resposta. Pense nos ideais que o animam a acordar e seguir adiante. Cada um é uma pérola no colar da existência, unidas, embora soltas, em um mesmo fio, atadas por rico adorno chamado fecho. Cada pérola é uma tarefa, uma virtude a se cumprir nos mais vastos campos do destino. O fio é a vida, bênção de Deus, e o que as une são os ensinos de Jesus, absoluta e harmonicamente ajustáveis a cada pérola. Cuide para que o peso do egoísmo e da crueldade não arrebente o fio; as pérolas poderão se espalhar, e em desatino ficaremos ao chão na ânsia por não perdê-las.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Artigo do Dia’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 13 de agosto de 2011, Juiz de Fora – MG.

2 de junho de 2020 por: A Casa do Caminho