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Caindo em si

Cada pessoa tem sua lição de vida; assim como cada trabalhador, a sua obrigação de ofício; tal como cada flor, seu aroma; e cada lutador, sua prova necessária.

Assim, cada um de nós tem o seu testemunho individual na caminhada da vida. Se por vezes falhamos frente ao compromisso assumido e por isso nos colocamos em risco, somos tomados por aflições e inseguranças, havendo sempre a tendência de se buscar ajuda externa. Ocorre que, em geral, a massa humana está emaranhada na grande rede de perturbações e dúvidas, porque, assim como nós, vive imersa nas alegrias imediatistas, envaidecida com as satisfações do corpo imantadas por princípios banais e frágeis que fundem todos em uma sensação de poder realizado, visto que se pode comer, beber e gozar o mundo sem impedimento.

É necessário “cair em si”, como nos alerta o evangelista Lucas (15:17).

“O mundo nos atrai e depois nos trai”, dessa forma ocorre repetidamente com todos que pretendem tomar para si o bastão de salvador da pátria ou guia social, tal como ocorreu com Judas. Ele que sonhou com o domínio político do Evangelho de Jesus, como se Este fosse instrumento de transformação forçosa da sociedade, distorceu os ideais do Mestre de Nazaré. Ao se dar conta do erro cometido, era tarde, e as consequências foram incontáveis.

Pedro, sendo chamado ao testemunho e se vendo sob ameaça de morte, nega o Cristo. Entretanto, revendo sua atitude, assume a tarefa que lhe cabe de “apascentar as ovelhas” e se dispõe ao apostolado.

Saulo de Tarso dedica-se em desvairada paixão no combate aos cristãos, mas cai em si diante do chamado de Jesus, reeduca-se, redime-se por esforço próprio de seus erros, para tornar-se Paulo, um dos mais rijos pilares do Evangelho.

“Bem-aventurados os mansos e pacíficos, porque eles herdarão a Terra”, afirma Jesus. Para tal faz-se necessário que os homens, individualmente, aprendam e compreendam que todos somos irmãos e que nenhum de nós deve reter nas mãos aquilo que é necessário ao seu próximo.

O cristão não é aprendiz do repouso falso. Os tropeços e os ferimentos nos espinhos das dúvidas são naturais na caminhada do bem. Mas, para dar o primeiro passo, é necessário cair em si, observando a condição de resistente, sustentado pela força da moral Cristã, sem a qual, em meio ao turbilhão de conflitos, o coração mais nobre se espedaça.

Tudo depende de cada um de nós, de cada homem, para a melhoria do todo, fazendo verdade praticada a palavra do Cristo: “Glória a Deus nas alturas, e paz na Terra aos homens de Boa Vontade”.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 09 de julho de 2016, Juiz de Fora, MG.

13 de agosto de 2019 por: A Casa do Caminho