O amor é doação, não uma exigência. Tudo que está entre o céu e a terra é passível de ser amado e amar; é uma questão de afinidade, tipo de gosto pessoal, sentimento íntimo, interesse ou objetivo de vida. Ah! Interesse não é amor! Exclama aquele que gosta de filosofar. E, de certa forma, está certo; mas quem a isso se propõe sacrifica o que há de melhor para satisfazer seus interesses pequenos. Logo, ama, que não seja o amor perfeito ou perfectível, mas ama.
Há aqueles que amam a caridade, outros, o oposto, a política. Mesmo que aparentem convergências, há de fato dicotomia. Como se fossem dois pequenos animais habitando o mesmo jardim, um vertebrado e o outro invertebrado; semelhantes, porém diferentes em tudo. O exercício da caridade exige do executor o espírito da solidariedade, que é o sentido moral, que vincula o indivíduo à vida, aos interesses e às responsabilidades de um todo social. Como uma ânsia de esforço diuturno para melhorar algo, mesmo que não o atinja, simplesmente o incomode em sentido moral. Vemos e ouvimos de poucas pessoas a expressão inconformada não consigo conviver com isso.
Aprendi com minha mãe que a caridade é como o perdão; diz ela: Perdão é luz na alma de quem perdoa. Sobre a prática da caridade, o auxílio ao necessitado, diz ser o melhor caminho para o equilíbrio social: socorrer os necessitados em suas reais carências. Falta o esgoto? Faça-o, e a normalidade se virá. É segurança? Promova ação policial, e o equilíbrio reinará naquela comunidade.
Na sociedade, onde impera a paralisia, as ações sociais tomam tal complexidade que são incineradas no próprio berço, são natimortas. Isso é simples de explicar: as pessoas não se preocupam com as causas dos problemas e não conseguem lidar com as consequências. Amor é doação, e não exigência. Certamente, por isso, é um sentimento mal compreendido e pouco praticado.
Sejamos fraternos ao máximo. Se ainda não nos é possível entender a caridade como uma expressão de amor, vamos praticá-la por inteligência, atuando sobre o problema, enquanto ainda está distante de nossa porta, para que o mal não a derrube e invada nosso lar, trazendo a sombra do medo e o frio de uma dor. Por isso, também Jesus nos recomendou o amor ao próximo como fonte de felicidade.
Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Artigo do Dia’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas – 18 de maio de 2013 – Juiz de Fora – MG.