Conhecemos a caminhada terrena de Judas Iscariotes; na sua visão materialista e igualmente imediatista, interpretava as lições e os exemplos do Mestre de Nazaré à sua moda regida por interesses pessoais, mesmo que estes fossem travestidos de aparente boa intenção. Assim entendeu Judas ser necessário mesclar a sutileza do eterno com a violência primitiva do homem, levando o Cristo às mãos de seus torturadores. Mais alguns metros na caminhada de egoísmo, de múltiplas facetas da espontânea barbaridade do homem, encontramos Pilatos, o obcecado pelo poder mundano, que, com sua personalidade titubeante e temeroso em assumir seu dever de juiz de Roma, passou em um plebiscito a responsabilidade pela escolha. Cabia ao povo escolher entre o Cristo de Deus e o ladrão com imensa carreira de crimes múltiplos. E, comandados pelos religiosos instigados pelas múltiplas vontades e semelhanças emocionais, o povo escolheu o ladrão, levando ao infamante madeiro Jesus, aquele que só lhe havia feito o bem.
O mais a história multifacetada conta ou omite. Mas as consequências da escolha de 2.018 anos, indiscutivelmente, estão presentes em nossas vidas íntimas, públicas e coletivas. Não por vontade de Deus, mas por natural consequência que o Espiritismo chama de Lei de Causa e Efeito e as ciências físicas, de Lei da Ação e Reação. Seja o nome qual for, é fundamental entender e ficar muito atento para cada escolha que decidimos fazer ao longo de nossa rotina diária. Pois dessa opção virá um resultado, ou seja, um fato a mais em nossa vida. Se feliz ou não, depende da escolha feita.
Judas, em um átimo de egoísmo, enveredou-se por caminhos de dor, sofrimentos e remorsos torturantes. Dando cabo da própria vida, deparou-se noutro plano com a infinita existência espiritual e, amparado pelos amigos trabalhadores do Pai Celestial, aprendeu que a morte inviabiliza o corpo e liberta a alma para o devido reajustamento às Leis de Deus. E Judas peregrinou por milênios, de reencarnação a reencarnação, até reabilitar seu equilíbrio, apagando a angústia que o perseguia frutificada do remorso pela traição ao Cristo.
A palavra dita por cada um cria imagens vivas de nossos pensamentos, estes atendem aos interesses, que projetam no plano mental e materializam-se em ações no campo social em que vivemos, gerando naturais resultados de curta, média e longa duração. A busca da felicidade é inerente a cada um de nós, pois nascemos para isso, sermos felizes. Porque dotados de livre-arbítrio, movidos por interesses pessoais e coletivos, vivemos o nosso presente, construindo o futuro, sustentados pelos eternos e imutáveis ensinos de Jesus.
Não sejamos Barrabás em furor de violência, nos distanciemos da fragilidade moral de Pilatos e fujamos do imediatismo de Judas, de então, para que, com equilíbrio íntimo, nos aproximemos do Cristo, fazendo hoje, em nossa residência, em nossa família, em nossa cidade e por todo o Brasil, uma sociedade de paz que frutifica da nossa paz interior. A paz que o Mestre nos ensina ao dizer: “A minha paz vos dou: não a dou como o mundo a dá. Mas sim como meu Pai que está no Céu ensinou. Não turbe o vosso coração nem se atemorize. Confie”.
Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Minha Tribuna’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 15 de setembro de 2018, Juiz de Fora, MG.
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