Home Artigos

Artigos

A minha paz

Conhecemos a caminhada terrena de Judas Iscariotis; na sua visão materialista e igualmente imediatista, interpretava as lições e os exemplos do Mestre de Nazaré à sua moda, regida por interesses pessoais. Mesmo que esses fossem travestidos de aparente boa intenção. Assim entendeu Judas ser necessário mesclar a sutileza do eterno com a violência primitiva do homem, levando o Cristo às mãos de seus torturadores. Mais alguns metros na caminhada de egoísmo, de múltiplas facetas da espontânea barbaridade do homem, encontramos Pilatos, o obcecado pelo poder mundano. Com sua personalidade titubeante e temeroso em assumir seu dever de juiz de Roma, passou em um plebiscito a responsabilidade pela escolha. Cabia ao povo escolher entre o Cristo de Deus e o ladrão com imensa carreira de crimes múltiplos. E, comandado pelos religiosos instigados pelas muitas vontades e semelhanças emocionais, o povo escolheu o ladrão, levando ao infamante madeiro Jesus, aquele que só lhe havia feito o bem. O mais a história multifacetada conta ou omite.

Mas as consequências da escolha de há mais de dois mil anos, indiscutivelmente, estão presentes em nossas vidas íntimas, públicas e coletivas. Não por vontade de Deus, mas por natural consequência, que o Espiritismo chama de Lei de Causa e Efeito, e as ciências físicas, de Lei da Ação e Reação. Seja o nome qual for, é fundamental entender e ficar muito atento para cada escolha que decidimos fazer ao longo de nossa rotina diária. Pois dessa opção virá um resultado, ou seja, um fato a mais em nossa vida. Se feliz ou não, depende da escolha feita.

Judas, em um átimo de egoísmo, enveredou por caminhos de dor, sofrimentos e remorsos torturantes. Dando cabo da própria vida, deparou-se noutro plano com a infinita existência espiritual e, amparado pelos amigos trabalhadores do Pai Celestial, aprendeu que a morte inviabiliza o corpo e liberta a alma para o devido reajustamento às Leis de Deus. E Judas peregrinou por milênios de reencarnação a reencarnação até reabilitar seu equilíbrio, apagando a angústia que o perseguia frutificada do remorso pela traição ao Cristo.

A palavra dita por cada um cria imagens vivas de nossos pensamentos, e esses atendem aos interesses, que projetam no plano mental e materializam-se em ações no campo social em que vivemos, gerando naturais resultados de curta, média e longa duração.

A busca da felicidade é inerente a cada um de nós, pois nascemos para isto: sermos felizes. Porque dotados de livre arbítrio, movidos por interesses pessoais e coletivos, vivemos o nosso presente, construindo o futuro, sustentados pelos eternos e imutáveis ensinos de Jesus.

Não sejamos Barrabás em furor de violência, nos distanciemos da fragilidade moral de Pilatos e fujamos do imediatismo de Judas, de então. Para que com equilíbrio íntimo nos aproximemos do Cristo, fazendo hoje em nossa residência, em nossa família, em nossa cidade e por todo o Brasil, uma sociedade de paz que frutifica da nossa paz interior. A paz que o Mestre nos ensina ao dizer: a minha paz vos dou: não a dou como o mundo a dá. Mas sim como meu Pai que está no Céu ensinou. Não turbe o vosso coração nem se atemorize. Confie.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 08 de outubro de 2021, Juiz de Fora, MG.

30 de novembro de 2021 por: A Casa do Caminho