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Nosso voo

Conta o mito grego que nos jardins de Hespérides, onde brotavam flores de ouro e esperanças, viviam as Górgonas, mulheres feias e dotadas de mistérios e poderes. Medusa, com sua cabeleira de serpentes, era a principal delas; com seu poder maléfico, podia transformar homens em estátuas de pedras.
Perseu, o herói mitológico, decapitou Medusa e do seu sangue nasceu Pégaso, cavalo alado, belíssimo, recoberto de luz que se lançou ao voo infinito, tornando-se mensageiro da paz e esperança.
Nessa história de quase delírio imaginário, podemos ver a dialética entre o bem e o mal, a matéria e o espírito, o poder mundano transformado em pedra, cravado ao chão ou o progresso livre, no voo do Pégaso plainando no mais alto infinito.
Escolhendo a pedra, nossa caminhada limita-se ao passo horizontal, marchado sistematicamente para o prestígio imediato, poder temporal e tudo mais que nos leve às ambições perecíveis, sem nenhum sentimento espiritual, fugindo às nossas responsabilidades e rejeitando nossa essência e filiação divina. Esquecemo-nos das sábias palavras de Paulo, o Apóstolo, ao nos alertar que: “Somos todos filhos e herdeiros de Deus e coerdeiros do Cristo”. Logo, não devemos nos fazer de surdos ou omissos, deixando que palavras tão sábias caiam no vazio sem eco nos corações amigos.
Cada um traz no íntimo sua Medusa e nos cabe, individualmente, lutar com esmero para que o Pégaso surja com suas asas libertárias de paz e esperanças que elevam a quem cultiva a humildade, mas não se afasta do orgulhoso, para que o exemplo seja a força de renovação. Quando estiver em companhia da paz, ajuda ao desesperado. Aquele que cultiva a bondade não recusa a assistência aos maus, e aquele que se mantém em alegria divide a graça do contentamento com os tristes.
A existência de um cristão se afirma pela dignidade da consciência, pelo esforço constante de superação de si mesmo, pois a passagem pela Terra é aprendizado sublime, e, em todos os lugares da humanidade, há condições de aprimoramento para quem deseja seguir adiante, cultivando flores de esperanças. Continuamos a caminhada lembrando do ensino do Mestre de Nazaré, vigiando e orando para não sucumbirmos às tentações e alçarmos voos para o progresso nas asas do trabalho cristão e do amor ao próximo.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 29 de outubro de 2016, Juiz de Fora, MG.

22 de outubro de 2019 por: A Casa do Caminho