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Não turbe o seu coração

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João XIV). Onde está a dificuldade em viver em paz? Quando se cogita sobre paz, imediatamente pensa-se na ausência de problemas, mas como? Se nós, os homens, somos os causadores de todas as dificuldades. Por isso, Jesus diz “… não vo-la dou como o mundo dá.” A paz para o mundo não é mais que um intervalo entre novos conflitos, quer dizer, uma oportunidade para rearmar-se.

Se não sabemos o que é paz, igualmente não saberemos onde procurá-la. Mahatma Gandhi afirma “não há caminho para a paz. A paz é o caminho.” Nestas palavras vemos a reafirmação do ensino de Pedro, o apóstolo, quando ele diz “…busque a paz e siga-a”.

Nesta linha de pensamento, seguindo os passos do mestre maior, entendemos que a paz não se trata ou resulta de acontecimentos externos, ela é fruto da tranquilidade interior, por isso, Jesus nos alerta “… não se turbe o vosso coração, nem o atemorize.” Quer dizer: não tumultue seu coração nem tenha medo. Confie.

No romance “Guerra e paz”, Léon Tolstoi narra a cena em que André, o príncipe, é ferido e cai no lamacento campo de batalha. Ali, tombado, André vislumbra no alto a serenidade do céu. Ferido, questiona-se: “Como se explica que nunca tenha visto antes um céu tão alto? Como me sinto feliz de tê-lo finalmente descoberto!”. A serenidade do céu sempre esteve lá, sobre a cabeça do príncipe, mas nunca ele a viu, porque corria de uma batalha para outra olhando apenas para o chão, até ser ferido.

Todos temos nossas batalhas e ferimentos. Precisamos aprender a olhar para o céu antes de cairmos feridos ao chão. Lembremos que a mesma serenidade que baixa do céu pode ser encontrada no sorriso da criança, no serpentear do regato ou nos olhos do filho que está em frente ao computador. Serenas também são as nuvens correndo no céu, as flores nas vitrines, mesmo que não possamos comprá-las. Serenos são o ar que respiramos, as estrelas nas noites de inverno, e até a chuva forte torna-se serena quando corre na cumeeira dos telhados, gotejando no jardim. Serenos poderemos ser todos nós, sem temor, sem turbar o coração, vivenciando o ensino do mestre, bússola que nos guia ao caminho da paz do Cristo.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Artigo do Dia’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas – 08 de fevereiro de 2014 – Juiz de Fora – MG.

 

7 de abril de 2019 por: A Casa do Caminho