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Não julgueis

“Não julgueis para não serdes julgado” ensina Jesus.
As palavras do grande Mestre de Nazaré que erroneamente já serviram de desculpas para os omissos são comumente aplicadas apenas como chamamento de atenção para a Lei de Causa e Efeito. Mas, de fato, esse ensinamento é muito mais amplo e nos leva a uma profunda reflexão.

O escritor espírita Medeiros Correa Junior, em sua obra intitulada “Em Verdade Vos Digo”, nos alerta sobre o hábito que temos de julgar o próximo. Diz ele: “Se o teu coração ainda não é um vaso limpo, capaz de conservar a Água Viva; se os teus olhos ainda não têm a doce pureza dos que observam sem malícia; se os teus ouvidos ainda se comprazem em recolher os sons estridentes; se teus pés ainda não perseveram na estrada reta; se tuas mãos ainda não amparam sempre…
Por que, pois, meu irmão, te colocas na posição de juiz falível, arrogante, rigorista e exigente? Em que alicerces te baseias para teus julgamentos ante as fraquezas de teu próximo? O fundamento de tua vida é a moral imaculada, inatacável, virgem de todo contato com o mal? Teus exemplos diários não trazem a mancha do pecado, da mentira, do orgulho, dos interesses mesquinhos, da amizade fingida? Já te libertastes das algemas de todas as servidões terrestres?
Mas, se és como todo mortal, a mesma criatura perfectível e não perfeita, lutando contra as imperfeições e deficiências espirituais, a fim de comungar um estilo mais alto de vida, por que insistes em ver traves no olho de teu irmão, sem indagar previamente, da existência de um argueiro no teu?”

O Evangelho desaprova nossos julgamentos, esse modo pessoal com certa dose de pedantismo como encaramos os atos, os gestos e os pensamentos alheios. Primeiro, porque assim agindo semeamos a discórdia, e segundo, que utilizamos tal instrumento para encobrir ou até justificar nossas próprias falhas.
Portanto, se ainda não estamos em condições de vivenciar aquilo que exigimos de nossos semelhantes, é mais prudente que nos restrinjamos a autocorreção, deixando os julgamentos para as divinas leis que regem o mundo.

Busquemos, com essa reflexão, viver regidos pelo ensino de Jesus, quando nos orienta: não faça ao outro aquilo que não desejamos que a nós seja feito. Sejamos rigorosos conosco e indulgentes com o próximo.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 12 de outubro de 2016, Juiz de Fora, MG.

19 de novembro de 2019 por: A Casa do Caminho