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Lar do Caminho

O Lar do Caminho foi gestado num coração materno que decidiu acolher e amar os filhos de outras mães que não tinham o mínino do que os seus possuíam. Mas não bastava apenas abrigá-los. Para que pudessem ter a cidadania resgatada, era necessário dar a eles mais do que conforto. Dona Isabel Salomão de Campos, idealizadora deste sonho que acaba de completar 30 anos, sabia que, para transformar histórias de dor e abandono em acolhimento e oportunidade, era preciso acreditar na capacidade de transformação desses meninos. Era necessário, ainda, lutar contra o preconceito para inseri-los socialmente. Por isso, ela não hesitou em tirá-los da rua e de situações de risco, levando centenas para a sua própria casa. Assim, ofereceu a essas crianças sua presença, seu próprio exemplo, segurança, ambiente sadio, roupas, remédios, educação de qualidade, atendimento médico e odontológico, assistência moral e, principalmente, alimento para o corpo e para a alma, agora amparados. Tratou, ainda, de ajudar as famílias desses meninos, recuperando as moradias dos pais, a fim de dar-lhes condições mínimas para recebê-los de volta, fortalecendo, assim, vínculos familiares fragilizados pela miséria e pelo descaso. Se ontem eles carregavam o estigma dos sem-futuro, hoje são reconhecidos como homens de bem, passando a contribuir para a coletividade.

Com seu trabalho social, Dona Isabel tem mostrado para a comunidade que é importante, sim, a mobilização em prol de crianças doentes, mas também é fundamental socorrer as sadias, porém desamparadas, evitando que se tornem jovens infratores e acabem por adoecer a si mesmos e à sociedade. Se hoje o mote das políticas públicas é garantir tratamento para os dependentes químicos, principalmente os usuários de crack, há 30 anos, a fundadora e presidente do Lar do Caminho vem mostrando que o melhor remédio não é tão somente atuar sobre os efeitos, mas intervir nas causas, no cerne do desequilíbrio social.

Ao interromper o ciclo da violência e oferecer um caminho novo para os órfãos da sociedade, órfãos de pais vivos, que também sofreram com as injunções da desigualdade social, ela conseguiu edificar uma obra sólida, capaz de fazer a diferença no país, mesmo sem contar com verbas oficiais. A fórmula dessa ação bem sucedida, que deveria ser multiplicada no Brasil, é simples: dedicação e investimento para preservar o melhor da natureza humana.

Hoje, aos 87 anos de vida, Dona Isabel mantém intocada a sua convicção em tempos de mais paz, respeito e solidariedade. Seu combustível? A certeza no amor do Cristo e o contato direto com os trabalhadores espirituais. Isso nos possibilita amar, ajudar e sermos solidários com aqueles que, em lágrimas, sentem a esperança desvanecer. Isso é a religião espírita. Sem caridade não há espiritismo, ensina a fundadora e presidente do Lar do Caminho.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Artigo do Dia’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 17 de dezembro de 2011, Juiz de Fora – MG.

21 de julho de 2020 por: A Casa do Caminho