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Escolhendo a boa parte

Certa vez, na cidade de Betânia, próxima a Jerusalém, Jesus, em visita à casa dos irmãos Marta, Maria e Lázaro, conversava com seus discípulos. Maria conservava-se aos pés do Mestre, ouvindo, embevecida os ensinamentos. Marta estava atarefada com os serviços da casa e, vendo que não contava com a ajuda da irmã, volta-se para Jesus, questionando a atitude de Maria, conforme texto de Lucas: “Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e, chegando-se, disse: Senhor, a ti não se te dá que minha irmã me tenha deixado só a servir? Manda-lhe, pois, que me ajude. Mas respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e te ocupas com muitas coisas. Entretanto poucas são necessárias, ou antes uma só. Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada.” (Lucas 10:38-42)
Essa rememorável passagem se reveste de atualidade a respeito das escolhas que fazemos, a exemplo de Marta e Maria. Quantos se ocupam apenas das coisas materiais, sequiosos por poder, posses ou considerações sociais? Jesus alerta Marta e toda a humanidade sobre a atenção às coisas eternas, diferentemente das transitórias, as quais passam ou modificam de valor, conforme a sociedade. Em geral, o ser humano se vê envolvido com os compromissos imediatos do mundo e se distrai, perdendo oportunidades de construir valores da alma, aqueles que o ladrão não rouba e a ferrugem não consome.

Todo tempo é tempo de plantar e colher. Diz a sabedoria popular que o plantio é livre, porém a colheita é obrigatória. Nas pequenas atitudes ou nas grandes decisões, diariamente, estamos plantando e colhendo. Vale refletir sobre que sementes lançamos à terra, através de nossas escolhas e ações.

Pela psicografia de Chico Xavier, Emmanuel nos convida ao exercício da escolha da boa parte, ao lembrar-nos de que essa se encontra em todas as criaturas e em todas as coisas. Nas ocorrências do dia a dia e nas pessoas de nossos relacionamentos próximos ou não podemos ver a boa parte. A imperfeição ou a perfeição integrais não fazem parte deste mundo. Sendo assim, aquele que demonstra traços de desajuste pode ser o irmão de amanhã, convidando-nos ao bom exemplo; há criaturas negativas em determinados setores da luta humana, mas que são extremamente valiosas em outros. Assim também, a tempestade de hoje pode se revelar na fonte de bem-estar das horas seguintes.

Cada novo dia é um novo tempo de fazer escolhas e optar pelo Bem. Busquemos a boa parte das situações, acontecimentos e pessoas, guardando a essência da divina lição. Orienta-nos Emmanuel, tendo como referencial Jesus: “quem procura a boa parte e nela se detém recolhe no campo da vida o tesouro espiritual que jamais lhe será roubado”.

Por Denise Pereira Rebello Viglioni, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 12 de maio de 2018, Juiz de Fora, MG.

6 de agosto de 2019 por: A Casa do Caminho