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Como ser feliz?

Mudanças, anseios e lutas sempre existiram no caminho da evolução humana, e, a cada passo, experimentamos um tanto mais de progressiva liberdade, nas sucessivas fases do nascimento à madureza, no sentido individual e na coletividade. O condicionamento físico, a hereditariedade, o meio cultural estabelecem algumas características componentes da identidade, mas não retiram ou impedem a capacidade de escolha, o que no espiritismo chamamos do pleno exercício do livre arbítrio.

As predisposições instintivas nos inclinam para determinada atitude, o que não significa obrigatoriedade da sua efetivação. O ambiente educa e modela, mas não define a personalidade, diz dona Isabel Salomão. Assim analisando, as mudanças desejadas não estão essencialmente ligadas às características aparentes de seus momentâneos agentes.

Seja homem, seja mulher, pobre ou rico, Ph.D. ou trabalhador braçal, sorridente ou macambúzio, o fato a ser produzido brotará do seu caráter ou condição da vivência moral, agentes determinantes de nossas atitudes diante das vicissitudes da vida. Manter-se equilibrado, inserido em uma sociedade marcada pela perturbação, torna-se posicionamento resultante da aguerrida tarefa de estar no mundo e não ser do mundo. Viver não se deixando levar pela onda desordenada que envolve muitos.

Quando falamos em mudanças, fazemo-las pensando em mudar as outras pessoas, por isso os resultados pífios das revoluções políticas, sociais, governistas ou “desgovernistas”. É marca das lideranças o individualismo personalista. Torna-se sinônimo revolucionário a ação obediente segundo estabelecido pelo mandante. Aí estão expressos a verdade, o futuro e a felicidade do cidadão e do povo. Desde que o mundo é assim, o supremo poder nas mãos do faraó, escolhido por deus para guiar seus súditos. A vontade de um sobrepondo-se ao todo.

Esquecida ficou a realidade do livre arbítrio, o diferente grau de evolução correspondente a cada um de nós. Os supremos mandatários estabelecem, segundo as vontades e as convicções interesseiras, um enredo confuso de medidas que ainda, segundo eles, mudarão os rumos, pois esta é a verdade, porque nunca na história se fez algo parecido. Quando de fato a vida é um eterno recomeçar, e a verdade de fato e total não está no poder de nenhum ser humano, finito. O que vivemos são frações de conhecimento e informações. A verdade absoluta é Deus, pois Ele é infinito. Ninguém detém a verdade, assim como também não é timoneiro único, para as desejadas mudanças e a conquista da felicidade.

Como ser feliz se as dificuldades agem sobre nós? As questões de hoje resultam das escolhas do passado, mas é através da maneira com que superaremos o passado abrindo novas perspectivas para o futuro que estaremos optando pelo caminho a seguir. Como ensinou Jesus: vá e não torne a errar. Agindo mal, contrariando as Leis Divinas, continuaremos enleados com o erro; seguindo sinceramente os passos do Nazareno, libertar-nos-emos do sofrimento. Existe maior liberdade do que essa? Assim, independentemente da ordem social, construímos o nosso futuro, orientados pelas palavras do Mestre, quando nos disse: eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Tribuna Livre’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 28 de fevereiro de 2020, Juiz de Fora, MG.

9 de abril de 2020 por: A Casa do Caminho