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Caminho do homem

Através da mágica virtual, reencontrei uma amiga de escola e, com uma fertilidade tão assustadora como a internet, as lembranças saltaram aos nossos olhos, refazendo o passado aos poucos. Em cada linha de nossa conversa, as mágoas salpicavam o texto, deixando transparecer fortes tristezas, mesmo sendo ela uma profissional de reconhecido sucesso. Sua capacidade intelectual e seus trabalhos acadêmicos não foram antídotos para o derrotismo, esse sentimento maléfico alojado em muitos corações por vezes bondosos, mas desprovidos de força suficiente para enfrentar a realidade materialista na qual investiu a humanidade.

O materialismo é recheado de contradições e, na estreiteza de seus parcos argumentos, mais confunde que soluciona. O resultado é o raciocínio avançando sem temor para a luz do saber enquanto o sentimento se aloja na sombra. Se possuímos condições de preparar o futuro repleto de garantias no plano físico, de modo corriqueiro nos descuidamos dos interesses espirituais, patrimônio presente e visível nas emoções de cada ser humano. Em razão disso, muitas vezes, damos espetáculos de genialidade e delinquência, cultura e degradação. Somente a inteligência não é suficiente; a felicidade requer a luz do entendimento e a bênção do amor.

A velocidade do tempo, as amarguras pessoais nos pressionam na busca de novas respostas para velhas questões. Sabemos acumular e transmtir conhecimento, porém ainda ignoramos como utilizá-lo para evitar o conflito com o próximo; juntamos fortunas e raramente a convertemos na construção da felicidade. Para legislar com eficiência nas atividades aparentes e fáceis, ainda nos é muito difícil manter a tranquilidade de consciência. Como vemos aqui, a ambiguidade tão presente nas ações humanas tornou-se mãe de nossas mazelas; evitar tamanha contradição é receita vital ao equilíbrio e consequente tranquilidade. Para tanto, faz-se necessário e urgente elevar ao nível cerebral as coisas do coração, retirando, das sombras da ignorância, a alegria de viver e as afeições, com tanto zelo quanto são construídas as teses acadêmicas.

Se malhamos o corpo em busca da boa saúde e aparência, façamos o mesmo exercício na maratona da paciência com o próximo e na prática da caridade com os mais necessitados. Sendo responsáveis pelo bem material que acumulamos, por que também não nos responsabilizarmos pela expansão do otimismo, da coragem e esperança nos corações alheios? Será que, para um homem mal intencionado, uma atitude indigna é suficientemente forte o bastante para assombrar as virtudes? Certamente não. Busquemos a luz da emoção que Paulo semeou ao dizer: pois somos feitura Dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus, de antemão, preparou, para que andássemos nela.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Artigo do Dia’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 28 de janeiro de 2012, Juiz de Fora – MG.

11 de agosto de 2020 por: A Casa do Caminho