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Ao próximo

Faça aos outros o que gostaria que os outros fizessem a você. Ao proferir tão sábias palavras como sempre o fez, Jesus está nos convocando a grande reflexão.

Em geral, somos levados, talvez por instinto de defesa, a pensar nos outros como agentes dos nossos infortúnios, como desafeto, ou concorrente, alguém com quem não simpatizamos, aqueles cujas atitudes nos constrangem, portanto, como podemos gostar dele tanto quanto gostamos de nós?

Seria o outro a pessoa física, o vizinho ou aquele transeunte descontrolado? O outro não poderia ser… eu mesmo? Mais adiante, Jesus completa o ensinamento: …se desprezar, será desprezado; se criticar, será criticado, mas, se distribuir bondade e amor, receberá em troca compreensão, bondade e amor.

Somos aquilo que pensamos, e todo pensamento provém do espírito, e o cérebro apenas o processa. Logo, o outro pode ser entendido como o Eu espiritual (alma) que anima o corpo biológico.

Quando nos aborrecemos com alguém, dedicamos horas mentais de escárnio e acusações. Mergulhamos no mais profundo território das trevas para justificar toda nossa raiva contra o dito cujo, mas, se pensarmos segundo a lógica ensinada por Jesus (Faça aos outros o que gosta que os outros façam a você), paramos e repensamos… Por que estamos ofendidos? Qual a causa de tanta mágoa? Meditando neste sentido, descobrimos, no íntimo, os defeitos de personalidade que até agora nos impediam de ver o outro como próximo. Descobertos, nós os combatemos, afinal, ninguém progride sem renovar-se, mas não é tão simples, pois exige outro aprendizado, exige a busca pela paciência, e aquele que aprende vê que a espera é resultado do esforço, como na agricutura: semeia-se e, enquanto aguarda, cuida com esmero do plantio para obter o fruto, não um simples e lamentoso esperar, sem nada fazer…

Para tanto esforço íntimo, há necessidade de ter fé, para conquistar forças na luta. Fé representa, em nosso nível, visão. Por isso, a fé não pode ser cega. Visão é a capacidade de enxergar, para auxiliar aos outros e a nós mesmos.

Entre o nosso ideal e a matéria a qual estamos inseridos, vemos há séculos o ser humano raciocinando sobre suas realizações, baseando-se em velhos padrões, e as mais torpezas são justificadas pela necessidade do que se estabeleceu chamar vencer na vida. Noutras palavras, é a sedimentação do egoísmo como instrumento de conquista de ambições. Circunscrito em limitadíssimas emoções, segue o homem pela vida, sem se dar conta do que vai além dos pertences acumulados.

Enquanto a natureza demonstra claramente sua renovação em derredor, e as técnicas científicas e industriais se aperfeiçoam, ele — o homem ali estático, é feto a aranha na própria teia, onde cada fio é um delito cometido, um ponto a ser melhorado, frente às leis que nos regem, leis ditadas por Cristo em nome de Deus. Leis que nos ensinam a amar a Deus sobre todas as coisas e a fazer aos outros o que gostaríamos que os outros fizessem para nós.

Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” – ‘Artigo do Dia’ Publicado no espaço quinzenal cedido pelo Jornal Tribuna de Minas, 16 de junho de 2012, Juiz de Fora – MG.

29 de setembro de 2020 por: A Casa do Caminho